Carta de Suicídio
Aos camaradas presos no Rio de Janeiro
em 18 de Março de 2011
A caneta desliza agora
Mais pesadamente sobre o papel
Peso maior do que toda a tinta
Gasta em todas as constituições
Em verdade, esta carta
Não apresenta grande novidade
Nasci das mesmas mãos burguesas
Que, como presas, são responsáveis
Por meu infanticídio
Criança retratada de seios nus
Explorada e abusada de norte a sul
Parto para garantir
Que meu último ato seja livre
Já me tiraram a personalidade
A fala, o significado
Morro para conservar
Minha universalidade
Como herança
Deixo meus próprios herdeiros
Aguardando meu retornoEm suas mãos e candeeiros
Em todas as barricadas
De todo e cada dia.
Assinado: Democracia.